Saturday, September 29, 2007

Notas





























No banco de um jardim
três homens sentados, estavam.
O meu avô, eu no meio e o meu pai no fim
dando notas as flores que por ali passavam.

A pontuação era de zero a dez
enquanto o tempo passa
surge uma trintona de T-shirt rosa love
dou cinco, o avô sete e o papá nove.

No virar da esquina, de suspensórios,
aparece com o seu andar dançante,
cheirando um ramo de lírios
dou seis, avô oito e o papá sete.

Notas diferentes, gostos diferentes.
Discutindo a nossa pontuação
passa uma adolescente loira como citro
dou nove, avô um e o papá quatro.

Um avô?
Sim, sabia pouco da vida
é uma flor ácida

Foi então que chega uma...
em que o silêncio foi a resposta
as nossas cabeças rodavam em sintonia
e rimos da bela nota.

Tuesday, September 25, 2007















Estava eu sentado numa mesa
a espera da minha menina
ia bebendo o vinho da casa
e vejo outra sozinha
Sozinha estava certamente
fazendo círculos no copo vazio
e eu com um ar impaciente
ouvindo o tic-tac do relógio
Trocamos olhares rápidos
e sem mais demoras perguntei: posso?
conversamos, rimos num clima animado
dançamos num infinito espaço
E no final da noite
saímos os dois de mão dada
entregados à nossa sorte
sem pensar em mais nada.

Friday, September 14, 2007

Sonho?
























Andava eu de viagem
descontraído a beber da minha lata
o motorista parou, devido a uma certa paragem
aproveitei e fui por a minha carta.
Estava calor, entrei no café barato
tinha um ambiente de ventoinha
sentei-me com o meu ar pacato
e abri o fecho da minha malinha
Quando abri o zipe da mala
o zipe da bota de couro da mulher
desceu como o diabo quer
de olhos arregalados, fiquei sem fala.
Ainda a pensar no que aconteceu
pego no livro e decido abrir
os botões da blusa saltam no ir e não vir
Deus do Céu!!!
Saio a correr, com o pé apressado
de repente lembrei da dita carta
volto para trás no meu ar atrapalhado
peguei no envelope, ao fechar, lambi
Meu Deus, aquilo que vi...

Monday, September 3, 2007

Pecados intímos

Estavam seis mulheres no sofá

todas a conversar sobre um livro lido

porque que ela trai o seu marido?

algumas diziam porque ele era distraído.

No meio de tanta conversa

outras diziam que ela era uma impura

algumas acenavam com a cabeça

e a mais certa estava na sua.

Num acto simples e pausadamente

falou em breves palavras

o que deveras sente

Ela não trai o marido porque quer

apesar de ter vários homens sem nome

ela precisa de uma alternativa de Mulher

algo forte e rebelde para matar a Fome.