Monday, March 19, 2007

Mulher Perigosa


Era uma vez...

um bando de soldados

cada um com o seu talento

cada um com seu defeito

Todos cinco, todos amigos

mas de repente...

Os quatro assustados

querem vingança...

Ela de longe sorri

disfrutando o momento.

O mais graduado

tem um plano brilhante

seguro e elaborado

mas...

ela deixou-o sem horizonte.

Restam agora três

correndo no meio do pântano

decidem parar para pernoitar

um deles fica a vigiar

derrepente vê...
nua, tomando banho,

lavando uma perna de cada vez

inclinando-se para o conseguir.

O soldado aponta a sua arma

a mira treme

DISPARA...

Acordam sobressaltados

continuam atrás dela

mas desta vez... dois...

de olhar muito atento

ouvindo o silêncio, de passo lento

Um deles decide aliviar a tensão

Ela aparece no meio do acto

Coitado...

Ela olha para o sobrevivente

com a sua voz fria

- A ti, deixo-te vivo

para contares a minha história...

Friday, March 9, 2007

Namoro

Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com a letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando
de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas.

sua pele macia - era sumaúma...
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
Sua pele macia, guardava as doçuras do corpo tão rijo
tão rijo e tão doce - como o maboque...
Seus seios laranjas - laranjas do Loge
seus dentes... - marfim...
Mandei-lhe uma carta
e ela disse que não.

Mandei-lhe um cartão
que o Maninho tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO

E ela o canto do NÃO dobrou.

Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,
me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não.

Levei à avó Chica, quimbanda de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou.

Esperei-a de tarde, à porta da fábrica,
ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
paguei-lhe doces na calçada da Missão,
ficamos num banco do largo da Estátua,
afaguei-lhe as mãos...
falei-lhe de amor...
e ela disse que não.

Andei barbado, sujo, e descalço,
como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
" - Não viu...(ai, não viu...?) Não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba.

para me distrair
levaram-me ao baile do sô Januário
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso
às moças mais lindas do Bairro Operário.

Tocaram uma rumba - dancei com ela
e num passo maluco voamos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim!"
Olhei-a nos olhos - sorriu para mim
pedi-lhe um beijo - e ela disse que sim.

Viriato da Cruz

Thursday, March 1, 2007

Susan Parrish










Ela tem olhos vivos
negros de grande expressão
mas timida, bastante timida
no que toca ao amor

Quando ele chega, treme
imaginando que não está, mas está!!
desvia o olhar em todas as direcções
baixando a cabeça, num movimento leve

De cabeça baixa, tem tentações
de o ver, de o encarar, de se perder
de perder num mundo das emoções

No seu redor existe cães a valer
que a olham mas não lêem o coração
existe UM que não é cão
aquele que governa o seu amor
meio maluco, meio discreto, meio gladiador